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(Maria Regina Pinto Pereira)

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segunda-feira, 27 de março de 2017

exposição CONSTRUÇÕES SENSÍVEIS - a experiência geométrica latino-americana na coleção de Ella Fontanais-Cisneros - FIESP


Construções Sensíveis
A experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros


São Paulo, março de 2017 – O Brasil receberá, em abril, uma mostra abrangente da mais representativa arte abstrata da América Latina. A exposição Construções Sensíveis, que inicia em 6 de abril na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, foi montada a partir da coleção Ella Fontanals-Cisneros pelos curadores Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez, da Arte A Produções. Estarão expostas 124 obras, de 63 autores, de sete países da América Latina, em uma variedade de suportes: pintura, desenho ou obras sobre papel, esculturas, objetos, fotografias e vídeos. A entrada é gratuita e a mostra permanece até 18 de junho deste ano.
"A exposição traz ao Brasil um recorte da abstração no nosso continente. Junto ao importante legado do concretismo e neoconcretismo brasileiros, são apresentadas as poéticas abstratas que prosperaram em outros países a partir dos anos de 1930”, explica Ania. Vários nomes têm reconhecimento internacional e muitos deles influenciaram e foram influenciados por latinoamericanos que encontraram em Paris ou Nova Iorque, pontos comuns de contato, intercâmbio e informação.
Essa rara oportunidade de conhecer, num único evento, tantos e tão instigantes autores e obras só foi possível porque Ella Fontanals-Cisneros construiu, a partir de 1970, uma coleção de arte abstrata geométrica e concreta, que já reúne mais de 2,6 mil obras, produzidas entre 1920 e 1982. Com a instalação, em 2002, da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals (CIFO, The Cisneros Fontanals Art Foundation) criaram-se condições para apoiar artistas latino-americanos, tanto em suas produções, quanto na realização de exposições e promoção de arte e cultura.
A colecionadora, nascida em Cuba e criada na Venezuela, faz questão que o público tenha acesso ao que ela conseguiu reunir. “No meu caso, a motivação fundamental é aprender; a abstração me interessa e por isso continuo adquirindo obras, mas simultaneamente me agradam outras coisas e quero aprender mais sobre o conceitual”, comenta Ella Fontanals-Cisneros, que estará presente à abertura da exposição, na galeria do SESI, na Avenida Paulista, em abril. E ali o público poderá apreciar o diálogo entre os artistas e grupos formados em países como Brasil, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Colômbia e México, potencializado pela exposição.
Desde a sua fundação, a CIFO já doou mais de um milhão de dólares para mais de 120 artistas da América Latina, para ajudar na criação e exibição de novos trabalhos. E organizou exibições da coleção de Ella Fontanals-Cisneros em várias instituições, de diversos países. Esse ambiente de estímulo aos criadores e apreço pela arte, desenvolvido pela presidente da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals encontrou, na ArteA, a parceria adequada para desenvolver o projeto da exposição brasileira. Mostras realizadas com sucesso — Los Carpinteros, Kandinsky, Carlos Garaicoa e Virada Russa, para citar algumas — e o grande conhecimento que os curadores Ania e Rodolfo têm do panorama artístico da América Latina foram fundamentais para estabelecer a afinidade, que resultou na concretização dessa exposição.
Ania destaca que Construções Sensíveis "é uma exposição pensada especialmente para o Brasil, e presta uma sutil homenagem à mostra Arte Agora III, América Latina: Geometria sensível, que em 1978 ocupou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e fora destruída por conta de um trágico incêndio. Muitos dos artistas apresentados naquela histórica ocasião estão presentes aqui, como representação das tendências pioneiras na região, agora junto a artistas contemporâneos que apontam para os rumos da abstração hoje”.
Naturalmente, os abstratos brasileiros estão bem representados, com Bichos de Lygia Clark e Tteia de Lygia Pape, o Metaesquema de Hélio Oiticica e as fotografias de Thomaz Farkas e Geraldo de Barros, dentre outras obras relevantes.
A história do abstrato na América Latina, com seus paradoxos e contradições, é suscetível a estereótipos e mal-entendidos, mas, ao mesmo tempo, carente de uma pesquisa mais extensa, que registre suas conquistas e alcance, a partir de suas concepções particulares. A exposição Construções Sensíveis é um passo importante na abertura desses horizontes, ao colocar ao alcance dos brasileiros esse elenco impressionante de artistas.

OS PAÍSES REPRESENTADOS
Abaixo alguns dos autores com obras na exposição, para dar uma ideia da abrangência e da relevância do panorama que foi montado:
Argentina: Gyula Kosice, Enio Iommi, Gregorio Vardanega, Martha Boto e Julio Le Parc.
Brasil: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Geraldo de Barros e Thomaz Farkas.
Colômbia: Edgar Negret, Leo Matiz, Eduardo Ramírez Villamizar e Feliza Bursztyn.
Cuba: Sandu Darie, Loló (Dolores) Soldevilla, José Mijares, Roberto Diago e Carmen Herrera.
México: Mathias Goeritz e Gunther Gerzso.
Uruguai: Joaquín Torres García, Héctor Ragni, Antonio Llorens, Maria Freire e Marco Maggi.
Venezuela: Alejandro Otero, Jesús Rafael Soto, Elsa Gramcko, Gego e Magdalena Fernández.

A curadora Ania Rodríguez considera que mesmo nos casos em que não existem vínculos históricos comprovados entre artistas de diferentes latitudes, "os nexos podem ser estabelecidos a partir de uma sensibilidade comum evidente, que filia as tendências derivadas do construtivismo como paradigma estético”.
Para aquela parcela do público que ainda não está habituado às obras abstratas e sinta alguma dificuldade em “entender" propostas não figurativas, talvez seja útil uma frase de Ella Fontanals-Cisneros: “Penso que a arte abstrata é algo sofisticado, cujo gosto e apreciação se vai adquirindo com o tempo”. A exposição Construções Sensíveis é uma excelente oportunidade para aprimorar essa sensibilidade.
Construções Sensíveis
A experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros
DATA E LOCAL: de 6 de abril a 18 de junho de 2017
Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
Avenida Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
HORÁRIOS: diariamente, das 10h às 20h (entrada permitida até 19h40)
CURADORIA: Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez | Arte A Produções
REALIZAÇÃO: SESI-SP
VISITAS EDUCATIVAS: Agendamentos escolares e de grupos pelo telefone (11) 3146-7439
ENTRADA: Gratuita.
MAIS INFORMAÇÕESwww.centroculturalfiesp.com.br

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